segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

I Sabores da Leitura

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Na quarta-feira 5 de dezembro foi o dia de alimentar o espírito na Escola Monsenhor José Augusto da Silva, a equipe de Professores da área de Linguagens, com o apoio do núcleo gestor, realizou o I Sabores da Leitura – A arte de degustar os temperos literários, fazendo os gulosos ratos de bibliotecas encherem-se de cultura e conhecimento.

O cardápio do evento contou com os mais diversos tipos de iguarias, agradando dos que curtem quadrinhos até os mais cults admiradores da Arte Moderna. Para servir de entrada para os convidados, foi montada uma Mesa Gourmet para a degustação de diversas obras da Literatura.

O evento seguiu com o banquete servido pelos alunos que preparam standes expondo a diversidade dos Gêneros Literários e a riqueza da Literatura Universal. Assim o Prato principal foi saboreado pelas professoras Osmaísa Luisa, Richelly e Rosângela Rocha e pelo professor Jairo Lima que apreciaram os stands para atribuir a pontuação justa aos alunos.

A sobremesa surpresa ficou aos cuidados do aluno Rafael do 2º ano A que no estilo Oswald de Andrade “protestou” e incitou os alunos a defenderem seus trabalhos de forma bem apimentada 


 
Trazendo o mote da Padaria Espiritual – agremiação literária ocorrida no Ceará no século XIX – que tem como lema “alimentar com pão o espírito dos sócios e da população em geral” e ainda encorporando o espírito antropofágico do Modernismo – movimento cultural marcado pela quebra de paradigmas que mudou o Brasil na primeira metade do século XX – a noite foi temperada com alegria, criatividade e usou o conhecimento como principal ingrediente para alimentar os estudantes da EEMMJAS.


Nova Antologia Poética - Vinícius de Moraes e Venha Ver o Pôr-do-sol

Esta bela obra pode ser saboreado como entrada, pois é leve e moderna. Trata-se de uma seleta criteriosa das poesias do poetinha carioca. Este livro abre nosso apetite para conhecer mais sobre nós e o mundo. Temperada com emoção e com toques de misticismo, ele traz refinamento e requinte às refeições do espírito. O autor da iguaria deixou a palavra em conserva na tradição lírica da Língua Portuguesa no seio da modernidade. Sorva cada poesia deixando ela se desmanchar aos poucos no céu da boca.

O sabor desta obra surpreendente dramático nos leva a ler mais e mais igual a nada do que você provou antes. A mestre-cuca Lygia Fagundes Telles foi meticulosa em dosar a ambiguidade, o sobrenatural e o insólito, permitindo ao degustador diversas interpretações da sua obra. A noite entrando pela madrugada bate uma fome de comer não sei o quê, pois você irá saciar esta vontade, deliciando vírgula por vírgula e quando chegar ao ponto final vai se sentir maravilhado.

O Auto da Compadecida e O Guarani

Esta obra traz o tempero nordestino em sua feitura. O autor misturou um punhado de tradição popular e mais uma mão cheia de religiosidade, dosando características típicas de uma saga cordelista com gotas de barroco católico. A dica é saborear o livro no almoço, se possível com a família reunida para garantir barriga cheia e felicidade em larga escala, pois Ariano Suassuna pesou na mão na hora de colocar humor na mistura.

Num cenário de mistura cultural, encontra-se esta iguaria que deve ser apreciada num final de semana, é uma obra densa temperada com condimentos indígenas e especiarias trazidas pelos portugueses. Deve-se ingerir por partes, com calma, saboreando as paixões. À primeira prova é possível sentir o gosto forte de emoção. O chef cearense José de Alencar carregou no espírito patriota e cozinha o leitor numa narrativa cheia de aventuras.

Estrela da Vida Inteira e Laços de Família

Juntou os amigos para um chá da tarde? Pois incremente-o com esta delícia! Mesmo tendo sido escrita no século passado, o livro parece que há pouco saiu do forno como um simples sequilho que ao se desmanchar na boca nos leva ao céu. É uma iguaria perfeitamente simples que tem como ingrediente primordial o humano marinado na emoção e preparado livre de formas ou tabuleiros. Manuel Bandeira, o autor da obra, não usou de temperos requintados ou receita mágica, deixou-se simplesmente ao cuidado da espontaneidade. 

Nesta obra a chef Clarisse Lispector mistura com criatividade o doce do humor com o salgado da realidade preparando um saboroso prato de sentimentos e sensibilidade. Este alimento pode servir como lanche, mas substitui uma refeição principal, pois contém a a essência do ser humano, suas dúvidas, medos, ambições, anseios, limitações, segredos... O bom é saborear com sutileza e perceber a grandiosidade que existe nos pequenos atos da vida.

Capitães da Areia e Comédias para se ler na Escola

Vamos para a Bahia ver o que tem no tabuleiro do baiano Jorge Amado que da que preparou uma obra apimentada e de uma beleza que se destaca pela dramaticidade e lirismo ao molho de uma crítica social bem encorpada. Recomenda-se comer esta iguaria no almoço e digeri-la com discussões acompanhada de reflexões numa mesa repleta de pessoas inteligentes e sensatas.

Afim de um lanche saboroso e rápido que sacie sua aptidão para apreender as coisas por simples indícios. O idealizador deste prato transformou a palavra nossa de cada dia em um saborosa e divertida refeição incrementada de originalidade e criticidade, pode ser consumido na hora do intervalo compartilhado com os amigos ou mesmo na sala de aula. Luis Fernando Veríssimo usou da perspicácia própria do seu estilo para ser sentida nos mais refinados paladares.

A Volta ao Mundo EM 80 Dias e As Mil e uma Noite

Vamos apurar nosso paladar para sentir o gosto de uma obra do cardápio europeu. Uma refeição para quem é rico, rico de espírito, pois traz o requinte da coroa britânica. Um cardápio para ser oferecido a quem você queira surpreender e impressionar, pois o gosto de aventura permeia toda refeição e o quê de cultura faz a leitura mais apetitosa. Júlio Verne aposta na elegância da Inglaterra do século XIX para dar sabor à sua obra.
 

Vamos agora para as Arábias e deliciar o doce das tâmaras nas histórias de Sherazade. Esta obra deve ser sorvida morna e lentamente à noite antes de ir para cama. Ferreira Gullar fez uma releitura da culinária árabe e apimentou com os temperos brasileiros estas histórias que por si contém um gosto de aventura. Se você preferir fazer igual a personagem principal e degustar uma história por noite, prepare-se para mil e uma noite de alimento garantido.

Bisa Bia, Bisa Bel e Budapeste

Que tal uma sobremesa leve que nos deixe um gostinho de “quero mais”?! Esta deliciosa obra é de encher a boca e deixar em quem ler a sensação de casa da vovó nas férias. Leve e pueril a obra pode ser degustada aos poucos como caramelo que derrete na panela e escorre no pudim. Ana Maria Machado preparou com capricho este doce polvilhado com emoção de criança.

Uma obra contemporânea para oferecer aos amigo e ficar conversando depois de saboreá-la. A palavra em si é o principal ingrediente que se transforma em prosa com gostinho de poesia. Quem prova as primeiras linhas, devora a obra inteira, sendo assim ela pode ser saboreada a qualquer hora do dia ou da noite. Chico Buarque usou bom gosto e sortilégio e deu o ponto certo no preparo.